Santa Teresa de Jesus Rm 2,1-11
1Assim, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu, que julgas, fazes as mesmas coisas que eles.*
2Ora, sabemos que o juízo de Deus contra aqueles que fazem tais coisas corresponde à verdade.
3Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus?
4Ou desprezas as riquezas da sua bondade, tolerância e longanimidade, desconhecendo que a bondade de Deus te convida ao arrependimento?
5Mas, pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus,
6que retribuirá a cada um segundo as suas obras:
7a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam a glória, a honra e a imortalidade;
8mas ira e indignação aos contumazes, rebeldes à verdade e seguidores do mal.
9Tribulação e angústia sobrevirão a todo aquele que pratica o mal, primeiro ao judeu e depois ao grego;
10mas glória, honra e paz a todo o que faz o bem, primeiro ao judeu e depois ao grego.
11Porque, diante de Deus, não há distinção de pessoas.
Santa Teresa de Jesus Sl 61,2-3.6-7.9
Resposta: “Senhor, pagais a cada um conforme suas obras.”
2Só em Deus repousa minha alma, só dele me vem a salvação.
3Só ele é meu rochedo, minha salvação; minha fortaleza: jamais vacilarei.
6Só em Deus repousa a minha alma, é dele que me vem o que eu espero.
7Só ele é meu rochedo e minha salvação; minha fortaleza: jamais vacilarei.
9Ó povo, confia nele de uma vez por todas; expandi, em sua presença, os vossos corações. Nosso refúgio está em Deus.
Santa Teresa de Jesus Lc 11,42-46
42Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de diversas ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus. No entanto, era necessário praticar essas coisas, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas.*
43Ai de vós, fariseus, que gostais das primeiras cadeiras nas sinagogas e das saudações nas praças públicas!
44Ai de vós, que sois como os sepulcros que não aparecem, e sobre os quais os homens caminham sem o saber”.
45Um dos doutores da Lei lhe disse: “Mestre, falando assim também a nós outros nos afrontas”.
46Ele respondeu: “Ai também de vós, doutores da Lei, que carregais os homens com pesos que não podem levar, mas vós mesmos nem sequer com um dedo vosso tocais os fardos.
Comentário:
Túmulos dissimulados – Jesus não reprova regras e observâncias, mas insiste em que «devíeis praticar estas coisas sem omitir aquelas». Normas e constituições derivam da natureza social do homem. Adaptam-se, renovam-se, mas não se suprimem. Por elas encarna o espírito e se torna visível o fogo que arde dentro. Mas o essencial é «a justiça e o amor de Deus». Tudo está subordinado ao primado do amor, que supera dízimos e observâncias.
Os fariseus praticavam o culto das aparências para serem vistos pelos homens. Cumpriam os preceitos fáceis e omitiam o mais importante e difícil. Impunham aos outros fardos pesados de leis, que eles próprios não cumpriam. Gostavam de honras e cumprimentos, e procuravam os primeiros lugares nas sinagogas, dando assim testemunho de imaturidade de espírito. Chama-lhes Jesus «túmulos disfarçados», caiados por fora e podridão por dentro. «Ai de vós»!
E nós, que somos? Temos muito de fariseus, quando nos fechamos e omitimos às exigências do amor. Todos sentimos a tentação do mais fácil, erigindo em absoluto o que é frágil e inconsistente. No êxito do fácil deleita-se a nossa mediocridade; na prática do difícil triunfa em nós o poder de Deus. O exterior vem da natureza; no interior atua a graça. Para lá das aparências é que eu sou o que sou. Ai de mim!
Senhor, quero ser observante do amor e da justiça!