Todos os católicos são chamados a ser misericordiosos como o Pai, independentemente de sua idade. Aqui estão algumas maneiras de encorajar as crianças a praticar a misericórdia.
A misericórdia não é uma prerrogativa exclusiva de Deus. A misericórdia é uma qualidade inerente ao Pai, “paciente e misericordioso”, como o define o Antigo Testamento, e é também acessível aos homens. O Senhor até exorta as pessoas a serem misericordiosas: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36), diz Jesus. Um desejo ecoado pelo Papa Francisco: “Quanto desejo que os anos vindouros sejam imbuídos de misericórdia, para que possamos sair ao encontro de cada pessoa e oferecer-lhe a bondade e ternura de Deus” (Misericordiae Vultus). Não há idade para ser misericordioso. É um caminho que as crianças e os adolescentes são perfeitamente capazes de percorrer.
O que é misericórdia? Esta palavra vem do latim “misereo”, miséria, e “cordis”, coração. Misericórdia é Deus abrindo seu coração para a miséria das pessoas. É o profundo apego de Deus às pessoas. Um apego que se manifesta de uma forma concreta. “Misericórdia é a palavra-chave nas Escrituras para indicar a ação de Deus para conosco”, escreve o Papa em Misericordiae Vultus. “Seu amor não só é afirmado, mas se torna visível e tangível”. Além disso, o amor nunca pode ser uma palavra abstrata. Por sua própria natureza, é vida concreta: intenções, atitudes, comportamentos que são verificados na ação diária.
A misericórdia, portanto, é este amor muito concreto que nos leva a estar atentos, a consolar, a curar, a perdoar, com palavras, gestos e atitudes. Deus faz isso pelas pessoas e as convida a fazer exatamente o mesmo por seu próximo. “Como Ele é misericordioso, assim somos chamados a ser misericordiosos uns para com os outros”, diz o Papa. Ensinemos então as crianças a olhar para os outros com grande amor, sem julgar e com o desejo de ajudar, de agir para fazer os outros felizes, e a perdoar”.
1. OUVIR A PALAVRA DE DEUS
“Para sermos capazes de misericórdia, devemos primeiro escutar a Palavra de Deus”, diz o Papa em Misericordiae Vultus. É de fato a Palavra de Deus que serve como nosso guia. Contemplando a misericórdia de Deus em ação nas Sagradas Escrituras, podemos fazer dela nosso próprio modo de vida. Por exemplo, você pode sugerir que seu filho leia o Evangelho do Domingo da Misericórdia, que falava da vinda do Cristo ressuscitado a seus discípulos e da incredulidade de Tomé. É um belo exemplo de misericórdia de dois pontos de vista: por um lado, Cristo evoca a possibilidade de os discípulos perdoarem os pecados: “Recebei o Espírito Santo”. A quem perdoardes, seus pecados serão perdoados” (Jo 20,23), e por outro lado, é interessante notar que Cristo não acusa Tomé por sua descrença.
2. FAZER O BEM AOS OUTROS
Fazer o bem aos outros pode simplesmente começar por não os julgar, não os criticar, não abusar deles, não os insultar. Todas estas são situações que as crianças são capazes de entender e agir. Convidá-las a reconhecer os momentos em que elas se deixam levar pela raiva, ou pelo ciúme, e quando suas palavras estão longe de ser um coração misericordioso.
Fazer o bem é também abrir nossos olhos para prestar atenção aos que sofrem, aos que vivem na pobreza, aos que são fracos. Sentir misericórdia é ir em direção àqueles que precisam de ajuda, aos idosos ou aos doentes, aos indigentes ou aos isolados. Pode ser outra criança na escola que fica de lado, um vizinho idoso, um parente doente, etc. Incentive seu filho a fazer algo que faça o outro sorrir: uma visita, uma carta, um desenho, um bolo feito por seu filho, etc.
3. PERDOAR
Deus nos perdoou primeiro. Somos convidados a viver a misericórdia porque nos foi mostrada misericórdia primeiramente, enfatiza o Papa. Portanto, ensinemos uma criança a perdoar como Deus nos perdoa. O perdão das ofensas torna-se a expressão mais manifesta do amor misericordioso, e para nós, cristãos, é um imperativo do qual não podemos escapar. Muitas vezes parece difícil perdoar! Entretanto, o perdão é o meio colocado em nossas frágeis mãos para alcançar a paz de coração. Deixar ir o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é a condição necessária para viver feliz. Uma criança pode ouvir isto. Convidá-la a perdoar seu irmão, sua irmã, seu amigo de escola… porque este é um mandamento de Cristo (“Amai-vos uns aos outros”) e traz a paz.
4. REZAR
Ter um coração misericordioso como o de Deus é um grande desafio. Se uma criança desanimar, diga-lhe que pode pedir ajuda a Deus através da oração! Aqui está uma breve oração para pedir a Deus que seja misericordioso:
Senhor,
Ajude-me a estar atento a todos aqueles que amo.
Abrir meu coração a todos aqueles que não amo o suficiente.
Dê-me um olhar que não julgue os outros.
Ajude-me a perdoar.
Abre minhas mãos para que eu saiba como doar.
Faz de mim capaz de tranquilizar aqueles que estão preocupados.Amém.
5. CONFESSAR-SE
O sacramento da reconciliação, também chamado de sacramento da misericórdia, nos permite receber o perdão e a força de Deus. Ele nos permite experimentar a infinita misericórdia de Deus: Deus nos ama apesar de nossos pecados, nossas fraquezas, da distância que colocamos entre Ele e nós mesmos. “Não é o pecador que volta a Deus para pedir perdão, mas Deus que corre atrás do pecador e o faz voltar para Ele”, disse o santo Cura d’Ars.
Experimentar a misericórdia de Deus de forma concreta através do sacramento da reconciliação dá força e ímpeto para exercer misericórdia por sua vez. Em outras palavras, trata-se de um sacramento do qual tiramos força para amar. Um valioso apoio para manter um coração misericordioso.
6. ANUNCIAR A MISERICÓRDIA DE DEUS
“A missão da Igreja é proclamar a misericórdia de Deus, o coração palpitante do Evangelho, que ela deve levar ao coração e à mente de todos”, diz o Papa. “A linguagem e os gestos [da Igreja] devem transmitir misericórdia para penetrar nos corações das pessoas e encorajá-las a encontrar o caminho de volta ao Pai”. Uma vez que se tenha experimentado a misericórdia de Deus, é bom dar testemunho alto e claro deste amor de Cristo para todas as pessoas. Este é um verdadeiro instrumento para a evangelização. No entanto, isto pressupõe a identificação das provas de amor que Cristo nos dá. É fácil acompanhar uma criança para reconhecer a obra de Deus em sua vida e ao mesmo tempo ser grato por ela: a beleza da criação, seus dons que nos permitem viver, sua presença através da oração…
Uma vez que a criança tenha consciência do amor do Senhor por ela, será capaz de expressar sua alegria aos outros. Talvez fale de Jesus a um amigo que não o conhece, ou convide um amigo para um curso de catecismo, para uma missa ou para uma peregrinação…
Fonte: Aleteia
